No último dia 31 comemorou-se o Dia das Bruxas ou Halloween e no day after veio a travessura: Em pleno Dia de Todos os Santos, o até então juiz Sérgio Moro aceitou o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro para assumir o chamado superministério da Justiça e Segurança Pública. Aparentemente com apoio da maioria da população (55,13% votos válidos), ao contrário da última eleição em que o país ficou bem dividido (Dilma Roussef 51,64% x 48,36% Aécio Neves), Bolsonaro terá a seu favor uma surpreendente votação que carregou consigo o apoio político que se faz necessário e que parecia ser o maior entrave do capitão da reserva quando assumir a presidência. O seu partido, o nanico PSL, elegeu 52 deputados (tinha somente um), que somando-se aos que pegaram carona na campanha presidencial, lhe darão uma certa tranquilidade no início do mandato.
O “aparentemente apoio da maioria da população” baseia-se em números, sem se deixar influenciar pelo forte da campanha de Bolsonaro, que foi o uso das redes sociais, principalmente Facebook, WhatsApp e Instagram. São dois pontos importantes: 1º) Bolsonaro recebeu 57.797.847 milhões de votos no 2º turno; no entanto, 89.507.308 não votaram no presidente eleito. É um número que assusta e assusta muito: Quase 90 milhões (47.040.906 votaram no Fernando Haddad; 2.486.593 votaram em branco; 8.608.105 votaram nulo; e 31.371.704 não compareceram às urnas). O 2º ponto é sobre o fim do Partido dos Trabalhadores. O que é um ledo engano. Mesmo com uma rejeição enorme, conseguiu levar o chamado “poste” para o 2º turno. O “poste Andrade” fez o Brasil conhecer melhor Fernando Haddad, que sai bastante fortalecido da eleição. O PT foi o partido mais votado e continua com a maior bancada (56 deputados), elegeu uma governadora (Fátima Bezerra - RN) e subiu de dois para quatro o seu número de senadores. Da mesma forma que o comportamento do PT fez surgir um espaço para Jair Bolsonaro crescer, o presidente eleito, dependendo do desempenho, poderá devolver esse mesmo espaço para o PT.
O “dependendo do desempenho” era para ser a partir de 2019, contudo Bolsonaro já começou a derrapar: criação de superministérios, cujas fusões envolvem conflitos de interesses (só para citar um exemplo: junção dos ministérios do Meio Ambiente com o da Agricultura); doação da sobra de campanha eleitoral (o que é classificado como crime pelo Tribunal Superior Eleitoral); citações bíblicas em pronunciamentos públicos partindo-se do princípio de um estado laico; figuras que nada têm a acrescentar, como seu vice Mourão, o senador Magno Malta (que mesmo sendo um dos principais aliados de Bolsonaro, não conseguiu se reeleger no Espírito Santo) e o seu futuro chefe da Casa Civil, Onix Lorenzoni, que foi relator do projeto “10 Medidas Contra a Corrupção” e meses depois admitiu ter recebido R$ 100 mil da JBS através de caixa 2. Mas o mais surpreendente aconteceu: Sérgio Moro como ministro da Justiça e Segurança Pública.
A surpresa não é pelo convite. A surpresa é pela aceitação de Sérgio Moro, que sempre foi acusado de ser um juiz parcial, e que respondia que jamais entraria para a política. Entrou!!! O que coloca mais ainda sob suspeita suas decisões: Como a prisão do ex-presidente Lula (que liderou todas as pesquisas enquanto possível candidato), que o tirou da disputa presidencial; a intromissão no caso de uma liminar para a soltura do mesmo Lula, que no caso específico não era da sua competência e, além de tudo, o juiz estava de férias; a divulgação da delação de Antônio Palocci faltando alguns dias para a eleição do 1º turno, que quase custou a participação do PT no 2º turno. Moro teve a sua atenção chamada pelo Conselho Nacional de Justiça por causa da divulgação da delação, e respondeu dizendo que “não teve a intenção de influenciar nos resultados das eleições gerais”. Imagina se tivesse. Além do cargo de ministro, Moro, que deixa de ser juiz e abandona a Operação Lava Jato, tem a garantia de Bolsonaro que será indicado para o Supremo Tribunal Federal na vaga de Celso de Mello, em 2020.
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