08 fevereiro 2020

📅 OTO PATAMÁ 🔴⚫

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O ano de 2019 foi o mais marcante da história do Clube de Regatas do Flamengo. As conquistas da Taça Libertadores e do sexto Brasileirão encheram o torcedor de orgulho. Porém...


O início e o final de 2019 contribuíram mais significativamente para o ano ser tão marcante. Duas tragédias sem dimensões.



Uma das tragédias foi esportiva. Faz parte do mundo das competições. O torcedor cantava em verso e prosa que queria o Mundial de Clubes, título que não consta em sua galeria de troféus. E o rubro-negro, campeão intercontinental em 1981 contra o mesmo Liverpool, dessa vez foi vice para os Reds ingleses, comandados por Roberto Firmino e Mohamed Salah. Era o sonho de consumo dos flamenguistas; o título mais desejado pelo clube e seus torcedores.


Torcedores. Essa palavra que encerrou o parágrafo anterior marca a segunda tragédia. Essa, muito além da esportiva. Tragédia social, moral e criminal.


Exatamente há um ano (08/02/2019), dez jogadores da categoria Sub-15 morriam terrivelmente queimados no Centro de Treinamento do Flamengo, chamado de Ninho do Urubu.












Os dez jovens mortos e os que sobreviveram estavam alojados em contêineres totalmente inadequados para a finalidade para a qual estavam sendo utilizados (alojamento/dormitório); disjuntores inapropriados e a falta de uma brigada de incêndio anunciavam a tragédia. Responsabilidade total do Flamengo, a quem cabia a guarda dos jovens.



O clube já havia sido multado quase 30 vezes em virtude das irregularidades. Mas a arrogância rubro-negra falou mais alto.


O preço foi caro: dez vidas! O preço monetário ainda é discutido. O clube parece achar mais caro ainda do que as vidas dos seus jovens atletas.




A tragédia ocorreu praticamente durante a troca da presidência do Flamengo. Nesse assunto, as duas diretorias parecem estar bem  alinhadas: a discussão é sobre valor, e o valor das indenizações não pode ser alto. O aspecto humano foi desprezado pelas duas diretorias, a atual comandada por Rodolfo Landim, e a anterior por Eduardo Bandeira de Mello.








Ressalta-se que 2019 foi o ano em que o Flamengo mais arrecadou dinheiro!


Em que parte da tragédia entram os 30 milhões de torcedores e simpatizantes flamenguistas? São juízes, promotores, policiais, deputados, fiscais, jornalistas, entre outros, rubro-negros que colocam o clube acima de tudo e facilitam para que um ano depois, nem o clube nem os seus dirigentes tenham sido punidos na forma mais exemplar da lei. Afinal, estamos falando de jovens que estavam sob a guarda/custódia do clube rubro-negro carioca, que era sabedor das irregularidades.



Na data de ontem (07/02), a chamada CPI dos Incêndios teve uma audiência. Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, disse que não compareceria. E, não compareceu! Novamente a arrogância rubro-negra falou mais alto.


Torcedores comuns e os jogadores do time profissional se limitam a prestar homenagens e a dizer que a dor é grande. Nada de protesto!



O protesto vem justamente dos adversários. E no Fla-Flu do dia 29/01, no qual o tricolor ganhou com um gol de calcanhar do meia Nenê, a torcida do Fluminense cantou para o mundo inteiro ouvir, e não apenas o Maracanã: "TIME ASSASSINO!".



O que aconteceu? Torcedores, jornalistas e tribunais rubro-negros consideraram inadmissível o grito tricolor. Para eles um absurdo maior do que a impunidade pela morte dos 10 jovens.





Sobre essa reação dos rubro-negros, o ex-jogador, e agora comentarista, Edmundo fez um desabafo:

"Eu já joguei no Japão, na Europa, e lá os atletas são respeitados. Aqui no Brasil é diferente, o jogador é visto como um vagabundo que ganha muito dinheiro... Eu me envolvi em um acidente de carro em 1995, e há 24 anos eu passo por linchamento público. A torcida do Flamengo me chama de assassino toda vez que me vê. Aí, na semana passada, eles não puderam ser chamados de assassinos pela torcida do Fluminense. É um absurdo. Um atleta pode ser humilhado, uma instituição, não. É a mesma coisa! Eu nunca vi ninguém me defender. Eu não posso ir no amistoso do Zico no fim do ano que eu sou achincalhado pela torcida do Flamengo, eles me chamam de assassino... E eu nunca tive ninguém para me defender."

Na época do citado acidente automobilístico (no qual morreram três pessoas), por ironia do destino, Edmundo era jogador do Flamengo.




















(Nota do autor: O título "Oto patamá" se refere à frase do atacante rubro-negro Bruno Henrique durante entrevista ao tentar justificar o empate em 4 a 4 com o Vasco da Gama. Bruno, provavelmente, quis dizer "outro patamar".)





08/02/2020 - Um ano da tragédia
🤷🏻‍♂️
O Flamengo se limitou às homenagens




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